segunda-feira, 19 de abril de 2010

Inconformado.


A árvore caiu na madrugada por causa da tempestade, caiu no meu portão, a árvore do vizinho, que suja a calçada, que faz aquele monte de passarinho ficar gritando na minha janela quando estou assistindo teve a cabo, ou quando estou enviando alguns e-mails. Sinto-me incomodado.
Na verdade a árvore não tem nada a ver. É que no mesmo momento em que eu tenho algum mínimo tempo para ficar na sala, me fazendo de minha própria visita e me tratando bem, há passarinhos vivendo suas vidas, suas importantes vidas. Enquanto eu estou tentando fazer com que eu tenha um momento bom e diferente.
Acordar, arrastar-se da cama, escovar os dentes, tentar arrumar o cabelo que não tem solução, colocar a mesma roupa pensando que ninguém vai notar, ou então que se danem. Correr pra pegar o ônibus e encontrar com as mesmas pessoas todos os dias e não fazer a menor noção de quem elas são, e quando você quer ser simpático eles te acham estranho.
Felizes os pássaros, em bando cantando, pelo menos não estão sozinhos fazendo tudo que não queriam fazer.
É, na verdade tenho inveja da liberdade que meras criaturas têm. Umas criaturinhas que tem praticamente nove pulmões em um corpo minúsculo e frágil.
Quem dera ter fôlego para descer do ônibus e ir par a aula cantando. Ou então animação o suficiente para não dormir durante esta.
Estou me cobrando demais, afinal tenho de ser uma pessoa reconhecida e boa, não me basta ser apenas eu. Que droga. Chegar em casa e almoçar em 15 minutos para dar tempo de chegar no estágio, passar cinco horas em pé, na maior movimentação, com inúmeros trabalhos e responsabilidades. Infelizmente 70% da recompensa por isso vai para a aquisição de cultura. Fazer o curso de inglês, até que é legal, o triste é perceber que não aprendeu nada e não tem dinheiro para passar no McDonald depois da aula.
É nem tudo são rosas, até a rosa já está cara.
Meu Deus, esse texto já está ficando sem sentido e tediante.
Estou de saco cheio de mim, não agüento mais me ouvir reclamando.
Acho melhor encerrar esse texto por aqui, antes que eu passe a reclamar de quem irá lê-lo.
Tchau, vou tentar ser feliz, ou pelo menos me passar por alguém que seja.


João Lucas Cruz Castanho

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Não se chama nada.




Quanto a mim, preferia não estar na solidão, mas se é isso que a companhia me reserva, não tem nada a fazer. Isso não foi minha culpa, e para piorar não posso expor o que quero, devo apenas pensar, pois falar pode ser ofensivo a mim, me sentiria menosprezado se tomasse a ação de trocar uma só palavra com ela. Não eu não vou conversar. Sou humano. Sou assim, se não me quer como sou, não me tenha. Mas... Mas minha mente grita, ou chora, resmunga sem forças. Meus lençóis já não cheiram bem, e meu travesseiro está amassado, minhas roupas me deixam nu, e as paredes do meu quarto estão cinza. A janela bate sozinha, sem vento. A lâmpada está em pó. A luz tênue pouco me ilumina, mas é isso que quero.
A dor corrói minhas entranhas, eu não sinto minha alma. Meu coração empedrou. Eu não agüento mais, e você não pode mais voltar. Foi minha culpa. Meus olhos secaram. Mas nada resolve. Tenho medo de ir para o lugar onde você está.
Eu me nego a falar, mas agora consigo te ver em minha frente, com afeição brava. Ah, como eu amo te ver assim. Eu vou falar. Dói ter que te tirar de mim, é o melhor que eu tenho a fazer, mas é o pior de se fazer.
Estou deitado nessa cama há uma semana, tentando te tirar de mim, mas tudo me lembra você, mas é pior, pois nada me faz te sentir.
Os lençóis não me lembram a maciez da sua pele. O edredom me resfria, nada como o teu calor. Os lírios que estão ao lado de minha cama, os quais eu havia comprado para você, nunca me lembraram seu perfume. Lembro-me das paredes que você decorou para mim, ficou lindo, mas elas desbotaram quando você se foi. Nada que eu visto me faz sentir coberto. Quando você abria as janelas, o sol clareava ainda mais seus olhos, agora elas estão eternamente trancadas.
O que? Você é realmente linda. Não consigo aceitar seu perdão. Depois de tudo você me diz, olhando para mim, falando que não é minha culpa. [Silêncio]. Obrigado por me fazer ouvir sua doce voz. Mas... Se eu não tivesse pegado outro caminho, será que você ainda estaria aqui? Desculpe-me, eu estava alterado. E você não tinha me falado nada de mais, afinal.
Como eu faço para me redimir? Não. É só você o meu amor. Não posso amar outra mulher. É só você. Não sou mais capaz de sentir amor.
“Você nunca deixará de amar. O Amor é a essência da vida, e nem na morte se acaba.”.
Com estas palavras eles se despediram. E a seguir o amor seguiu-se, enquanto a vida partia.

João Lucas Cruz Castanho

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Hoje...foi bom.




Acordei, sequei a baba, meus olhos sensibilizaram quando olhei para a janela, a claridade do sol invadia a fresta entreaberta da cortina. Passei a mão sob meu travesseiro a procura do celular, o apanhei e vi que já eram 10h50. Preguiçosamente levantei, não encontrei meus chinelos então fui escovar os dentes, chegando ao banheiro, me postei frente ao espelho, e me vi, ou não? Não sei quem eu estava vendo. Enfim, escovei os dentes e voltei ao quarto, vi meu irmão dormindo, e ri quando com sua respiração pesada, emitiu um som pesado, como se dissesse para apagar a luz. A luz amarelada do quarto me instigava a deitar novamente, mas preferi assistir desenho animado. Fiz um misto quente e fui assistir “As aventuras de Mickey e Donald”. Minha mãe foi até a sala e me abraçou, meu pai já estava trabalhando. Entrei em meu Orkut para cuidar da colheita feliz, passei pelo e-mail. Minha mãe me procurou novamente para dar-me um recado vindo de minha irmã, que já há três meses não vejo, hoje ela apresentará um espetáculo, e já estava no camarim. Liguei para minha prima, ela havia feito uma cirurgia nos olhos, então decidi visitá-la. Arrumei-me e fui acompanhado de meu irmão. Imaginando que seria a única visita, fui preparado para não ficar por muito tempo, mas chegando lá me surpreendi com a quantidade de amigos que foram vê-la. Foi uma tarde divertidíssima, assistimos a filmes, comemos, rimos muito, falamos de coisas trágicas, enfim, convivemos. Saímos de lá no início da noite, passamos no mercado, compramos meias, uma camiseta preta, um ovo de páscoa tamanho família e sorvete. Voltamos para casa, entrei no MSN conversei com outra prima sobre coisas estranhas e recebemos a visita de meus tios. Conversamos sobre dança, comemos novamente, rimos, nos despedimos e eles partiram. Conversei com minha mãe, coloquei ração para os cachorros. E agora cá estou eu relembrando o dia. Bom se todos nos reservassem surpresas como o dia de hoje. E relendo esse pós roteiro posso perceber quem eu vi no espelho. Vi meu irmão, vi meus pais, a saudade de minha irmã, o amor da família, a alegria de amigos, a confidencia de primos, a inocência dos cachorros, o esforço de professores, o cansaço do trabalho, o prazer da conquista, a frustração por não arriscar, e diversos de mistérios que ainda não descobri. Mas em meus olhos, exclusivamente, vi a Deus, e me vi, como realmente fui formado e criado. Um Lucas feito de Lucas, mas detalhado por todos esses citados anteriormente, e marcado com as digitais do Criador. Obrigado por agüentarem essa exposição complicada de sentimentos. E não peço para que os entendam, pois sentimentos são essencialmente sentidos, não entendidos. Portanto meu conselho para hoje é sinta!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Detalhes.

Olá...uma continuação para o texto " As Lágrimas da Nuvem", postado em janeiro.

Boa leitura!!
Comentem!



Lucas passara um tempo atordoado e não percebia como as coisas se desenvolviam ao seu redor. Seus filhos, o cachorro, a padaria vizinha, o cobrador do ônibus, a grama entre os paralelepípedos da calçada, o outdoor, tudo permanecia em freqüente fluxo, mas era como se Lucas estivesse vivendo só e sem um relógio que o fizesse perceber o tempo passar. Em uma manhã, cujo sol forçosamente empurrava as nuvens para que pudesse ser percebido, o jovem amante percebeu as flores do jardim, que há tempo eram pequenos brotos, agora se tornaram belas rosas, completa por detalhes, cada espinho, cada frizz, cada tom de vermelho, cada pétala, naturalmente rica em personalidade, imponentes e delicadas, parecidas com Ela- pensou Lucas quando o vento soprou e o fez sentir o perfume suave vindo do interior daquelas criações de Sara. Lucas admirava, agora, a estas belezas naturais como se estivessem brotado em um piscar de olhos, como no cair de uma gota, como no amanhecer de um dia. Esta situação o fez perceber o quanto amava a sua esposa, e que em igual proporção sentia imensas saudades dela.
É – disse sorrindo – uma flor. Olhando para ela, Lucas podia visualizar o sorriso de Sara ao olhar para as crianças, ou então o olhar tímido de quando Lucas a olhava nos olhos, como dizendo que era linda. Uma lágrima escorreu pela face do admirador. Uma pétala caiu ao chão, isso o fez perceber a força de algo tão delicado, lutando contra animais, gravidade, vento entre tantos outros fatores que querem fazer com que o caule se dobre. “ Nós terminamos, admirando confusos, a perfeição.”