sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sentido?


É, estou aqui, sozinho, é madrugada, ouço músicas, escrevo, leio. A mesa está uma bagunça, cheio de papeis e copos.

Já ásperos meus olhos se mantêm abertos, apesar do sono a angústia me mantém despertado.

O sentimento agora é confuso, é triste, é leve e manso. Meus olhos se lubrificam com as lágrimas que se juntam.

Não há um motivo, talvez seja isso o que mais me incomoda. Gostaria de saber o motivo pelo qual sofro. Pelo qual sofro em gritante silêncio.

Bate sem ritmo, desacelerado, forte. Parado.

Não sei. Meus dedos estão frios assim como a ponta do meu nariz. Isso não me incomoda. Não sei.

Caminho entre o vento e o prazer. Tenho a impressão de que as coisas apenas aquecem para que possam ser resfriadas. São construídas para que possam ser destruídas. São escritas para que possam ser apagadas. São sentidas para que possam ser desprezadas.

Combater, combater, correr, correr. Parar. Sem respirar.

O computador entra em modo de espera, a tela apaga-se, escurece mais ainda. Permaneço. Cego de mim mesmo.

Seja lá o que estiver acontecendo, se é angústia ou apenas o inverso da alegria. Felicidade, pois, vejo que não é.

Tão só. Opaco. Reluz a frustração. Deixa ver o que se é.

O prólogo da morte passar, e não o desfrutar.

Força. Foco. Mude. Ação.

Não há sumário. Não há história. São as páginas turvas do meu futuro. É a página branca de um epílogo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

verdade?


Julgo ter sido muito verdadeiro, e ter amado pessoas com verdade. Mas são justamente dessas que sinto falta. Talvez essa verdade não seja suportável.
Será que posso instaurar o que considero verdade?
É verdade o que vivo, tenha esta verdade o significado que tiver. Prefiro não imaginar que vivo no engano.
Sem mais para o momento. Meus pesamentos me desmentem.

terça-feira, 20 de julho de 2010

a vocês...

...que me fazem mais feliz.

Sinceramente, acho um assunto difícil de falar. As palavras perdem o sentido, espero não estar exagerando. Mas é o que sinto.

Eu costumo dizer que não posso ser tudo, então vem sempre alguém e trás a parte que faltava.

Sabe aquele que sempre está por perto e quando você menos imagina é a mão que te ajuda a levantar. Aquele que não mede esforços para te ver sorrir, e mesmo não sendo correspondido sorri com toda a alegria possível. Ou então aquele que te irrita tanto que você não quer mais vê-lo, mas mal se passa um dia e já sente falta do seu modo único de irritar. Alguns que estão lá longe, e que embora não saibam você ainda fala deles como se eles estivessem ao seu lado (essa distância nem sempre é espacial ou física). Aqueles cuja imagem nunca lhe saíra da memória, e com peso se lembrará das tipicidades e do sorriso verdadeiro. Aqueles que demonstram sua importância te dando palavras de ânimo e afirmação. Aqueles que te conhecem a ponto de saberem quando você precisa deles. Alguns cuja relação não é constante, mas que marcam profundamente sua vida. Aqueles que na veia corre o mesmo sangue, e aqueles que são irmãos sem terem o mesmo sangue. Os tolerantes de plantão para um possível desabafo. Os professores de alguma coisa, por menor que seja, marcaram. Os que dividem o palco. Os companheiros de não se fazer nada junto, ou os companheiros de trabalho. Os inteligentes que sempre sabem do que estão falando, e os sábios que nunca erram o momento de dizer. Os confidentes, que podem te fazer passar vergonha, mas nos quais a sua confiança está. Os loucos e desequilibrados nos quais você encontra o equilíbrio. Os que te dão força apenas de estarem com você, e os que te fortalecem de outro jeito. Aqueles que por vezes nem sabem, mas estão mudando sua vida. Os antigos, que há muito não te vêem, mas que reconheceriam sempre. Os da infância, que corriam e caíam junto, ou os que conhece a pouco, mas é como se fosse de infância. Aqueles que ficam rindo por horas de coisas sem graça, ou que passam a madrugada contando histórias, filosofando ou pirando mesmo. Alguns que não tem nada em comum, e outros que parece o imitar. E há um invisível, palpável e o mais louco que eu conheço (Deus).

Certamente não apenas eu a pensar assim. As coisas precisam ter um sentido, e sempre há alguém que dá sentido a elas.

Não há outra coisa a dizer senão obrigado, por eu poder amá-los, amigos.

20/07 - Dia do Amigo

"A amizade não se busca, não se sonha, não se deseja; ela exerce-se (é uma virtude)." Simone Weil

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Tic tac da dor.

"Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem." (Marcel Proust)

Não há melhor remédio que o tempo. Pois eu discordo.

Inicialmente considera-se uma hipótese, apenas depois de aprovada é que se pode ter como uma teoria. Como eu a aprovei, esta é minha teoria.

Quem é que nunca ouviu “o tempo cura toda dor” naqueles momentos em que nada é pior do que saber que terá de esperar o tempo passar para que as coisas voltem ao normal. Pois bem, não desprezo a ação do tempo. É um fator primordial, pois com o passar a dor ameniza, na verdade aprende-se a conviver com ela, dificilmente pára de doer, mas é uma adaptação, para suportá-la.

Li a seguinte afirmação: O tempo não cura nada, ele apenas desloca o incurável do centro das atenções. Concordei plenamente, a achei esclarecedora para o que eu vinha pensando. Quando se afirma que apenas desloca, dá-nos a possibilidade de resgatarmos, ou seja, mexermos nessa dor. Aí sim é que considero a cura.

Alguém foi humilhado na frente de todos os seus colegas de departamento por uma pessoa que você, e a maioria, consideravam desprezível, porém é de um cargo acima, apenas o que se pode fazer é baixar a cabeça e sentir a dor. Por que não dizer que sofreu uma decepção amorosa. Com o tempo a dor ameniza-se, mas se algo relacionado a esses assuntos surgir vem à tona a lembrança dessas dores.

Após ser humilhado, esse alguém, passa a estar mais tímido e com dificuldades de falar em público novamente, até que um dia, outro alguém de um cargo acima o aceita, afirmando e ajudando com que essa dor seja cicatrizada. Um novo amor surge, e com toda compreensão o ajuda a transpor o que se tornara um medo. Não digo que praticaram atos de amor, com pena, mas fizeram a coisa certa, tocaram no ponto crucial.

Toda ação segue de uma reação. Digamos que a reação não ocorra. Para moldar a lataria amassada de um carro é preciso que se bata no mesmo lugar, mas do lado oposto. Aí acredito que esteja o segredo, o lado oposto. Se for traído, precisa ser amado, se foi humilhado precisa ser afirmado. A cura vem quando a ferida é resgatada e limpa, põe-se o curativo, e cicatriza-se. O antídoto para uma picada de cobra é feito do seu próprio veneno, mas com efeito contrário. Como usar antônimos.

Logicamente as coisas não são tão simples assim, toda dor trás consigo uma lição. É a lição que nunca se esquece, ou que não deveria ser esquecida, pois pode ajudar a prevenir novas feridas.

Espero que tenham entendido minha “teoria”, talvez não concordem. É uma questão de vivência.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

minha lua.

"A Saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar." Rubem Alves

Não me faça esperar. Só porque você sabe que eu esperarei.

À noite, no terraço, assento-me sobre uma velha caixa. Contemplo nada mais nada menos que uma rainha. A lua estava surpreendente, conversei com ela.

O vento passeava e esbarrava em meu rosto, que já estava seco, pois o frio era intenso. A luz tênue aterrorizava a cidade, resumida em pontos de luz. A chuva ameaçava cair.

Esse momento me reservou a solidão. A saudade nunca suprida. Mas o vento trouxe seu cheiro, como o de flores espalhando-se ao meu redor.

Sinto agora suas mãos acariciando minha face, você belisca meu pescoço, eu rio. Sentir seu cafuné é inconfundível. Minha amada. Minha amada imortal. Conhece-me como ninguém.

Você se abaixa e repousa as mãos sobre minhas pernas. Está de frente para mim agora. Seus olhos estão mais negros que o normal, e sua pele lindamente branca. Seu peito eleva-se vagarosamente com um respirar pesado. Vejo teus cabelos de breu dançar ao vento.

Você está bem? - eu pergunto. Você olha ao redor. Eu sabia que não teria resposta, mas precisava arriscar. Suas mãos estão gelando minhas pernas. Sinto calafrios. O silêncio é a reposta que ouço.

Comprimo meu corpo para aliviar o frio. A chuva cai. Meu rosto lava-se. Ela olha firmemente meus olhos. E entendo o que quer dizer. Uma lágrima escorre. Gentilmente toca minha face para secar a lágrima que se confunde com a chuva. Logo, seu corpo desvanece. Sua imagem se perde ao vento. Sua memória fica em minha mente. Seu amor permanece vivo em mim.

João Lucas Cruz Castanho

sábado, 10 de julho de 2010

Falso Alívio

"Só há um tipo de amor que dura, o não correspondido" Woody Allen

Estive fugindo das mágoas

Camuflei-me com imagem de felicidade

Ludibriava quem enxergava externamente


Nessa ilusão

Desprezei os cortes que em mim se abriram

E a cada vez, mais profundos seguiram


Um precipício em mim se abriu

Minha alma jorrava como sangue

Dos cortes agora um buraco


A morte é mais fácil, é rápida

A vida é pesada e vagarosa

E como em um falso alívio

O sangue parou de jorrar

Os cortes secaram


Mas o tempo se fora

Tarde é, agora, para desabafar

Quando em minhas veias

Sangue mais não há.


[Autoria de Tatiana Waslov. Visitem o blog dela: http://sovocenaosabe.blogspot.com]

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Caleidoscópio

Helena Kolody - 1970

A cada giro de espelhos,
muda o vitral da vivência.
Não permanece a figura.
Nem um desenho regressa.

domingo, 4 de julho de 2010

Sentidos Insensíveis


Acordei estranho, levantei-me e fui tomar banho, inicie minhas atividades normalmente, porém havia uma diferença.

Com o passar do tempo notei que as coisas estavam esvaziando. As flores estavam inodoras, o céu preto e branco, o algodão áspero, o doce amargou e o silêncio está gritante.

Assustadoramente passo a procurar onde está o problema. Encontrei um ser seco. Encontrei-me pela metade. De sentidos insensíveis.