
Quem sabe a música esteja certa quando diz “a gente mal nasce, começa a morrer”, ou quem sabe eu esteja tornando isso uma verdade.
Definir o nascer e o morrer não é nada simples. Há pessoas que precisam morrer para poder continuar suas vidas, sem a má influência de si próprio. Há pessoas que precisam nascer no fim de suas vidas físicas.
Após o nascer vem o conhecer. Desvendar os mistérios da alma de outra pessoa é muito simples, mas quem consegue ver sua própria alma?
Já ouvi inúmeras vezes dizer “construa pontes em vez de paredes”. Digamos que eu não entendi muito bem o que isso quer dizer. Construí uma ponte para fora de mim, e chegando lá, me olhando como os outros me olham, rapidamente levantei uma parede. Desde então não tenho mais acesso a mim mesmo. Todas as informações de que sei, são as que as pessoas me contam ou as que eu vejo, estando do lado de fora de mim.
Não me identifico com quem vejo. Não me identifico comigo. Ser eu me parecia muito mais complicado do que eu transpareço. Até mesmo tenho a impressão de que não me importo com o que dizem de mim.
A multidão me assola, só precisava ter eu como realmente sou para que tudo que está em meu redor faça sentido. Olho mais uma vez meu documento para lembrar como me chamo. Recordo-me de mim. Sinto-me aliviado por saber que não estou vivendo o que aquela foto diz que sou.
É um tempo de amadurecimento. Já comecei a quebrar a parede. Estou reparando a ponte. E tirando tudo que havia tomado o meu lugar de dentro de mim.
"Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso.'
João Lucas Cruz Castanho