
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?
"Neste ano a história mais importante é a sua. Viva."
Passei horas no quarto, olhando para o teto, tudo permaneceu escuro.
Desliguei o som, silenciei meu eu. Precisava ouvir-te, precisava encontrar-te.
Procurei respostas. Procurei você. Procurei você dentro de mim.
Incansável eterna procura.
Não te encontrei, se queres saber. Apenas percebi falta dos meus pedaços que levaste de mim.
A parte de mim que levaste não foi a capacidade de amar, não foi meu coração. O que levaste foi minha razão, minha racionalidade.
Não posso agora criar qualquer pensamento, tu és minha mente. Te vejo, te ouço, sinto teu toque e teu cheiro. Fez-me escravo. Talvez nem saiba, mas é por isso que escrevo isso.
Ao caminhar na rua, olhar vitrines, ler, automaticamente relaciono a você.
Não há forma de mudar. Sem querer te odeio por isso. Sua falta de importância não me corresponde, e me roubas ainda mais.
Odeio-te por isso. Condeno-me por isso.
Diga-me, imploro, porque me deixaste?
Tudo o que confessei só prova que te amei, além de todo meu coração, de toda minha razão. Entreguei-me. Entreguei-me. Desfiz-me. Dilui-me em você.
- Queres saber?
Teu amor me anulou. Entregaste e não pude te conquistar. Senti-me desmerecer. Nada, nada que eu fazia superava o teu poder de amar. A tua entrega se chocou à minha falta de coragem.
“Evitei que seu brilho ofuscasse o meu, mas amei você...pode agradecer”.
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A última frase do texto é um trecho da música ''Pode Agradecer'' de Jay Vaquer.