
Queria eu gritar, por pra fora, me liberar, me libertar, me permitir.
Eu queria mesmo é me concretizar, me ser de verdade, me ser real.
Eu queria ter amigos por prazer, não por solidão.
Queria é esbanjar do que nunca vou ter, sem me preocupar com o que tenho.
Queria é ter sucesso em tudo, independente, só sucesso.
Mas o que eu queria mesmo é ter todas as mulheres que me derem na telha, sem me preocupar com as expectativas.
Na verdade, queria não precisar me preocupar com a futilidade da mente humana, que só olha pro valor, monetário mesmo, que a alma dos outros tem.
Queria eu reinar sobre um reino, um pouco maior que meu quarto.
Queria abranger além da tangente, queria invadir o território proibido.
Queria, mesmo, de verdade, é sentir, sem ter que fazer de conta, pra não ser chamado insensível.
Sem frescuras, eu queria é chorar, pois meu não chorar é dolorido, preferia ter lágrimas constantes à falta de reação.
Queria é ter o controle, além do remoto.
Queria tocar os outros, não mais ser ignorado, tanto considerado quanto o centro das desatenções.
Queria é chegar na tua cara e te dizer o impacto invisível que você tem na minha vida, e não apenas gírias da moda e perguntar sobre a semana.
Queria é não viver nessa selva de coelhos fofinhos e selvagens.
Querer por querer eu não quero, mas se não assim, não quero é nada.
Queria querer não me reduzir.
Queria é não me anular nos meus preconceitos.
Queria saber se existe certo e errado, num mundo em que fazer direito é andar na esquerda.
Queria viver, já que morri todo dia me negando o querer.